domingo, 12 de dezembro de 2010
Ídolo: Felipe, o Maestro
Felipe Jorge Loureiro é tido por muitos como um dos maiores jogadores da história do Vasco nos últimos anos. Revelação precoce, estreou entre os profissionais com apenas 19 anos de idade e, no ano seguinte, já era titular incontestável e um dos pilares de um dos maiores times da história de São Januário.
Agora, após oito anos longe de seu clube de coração, o atleta está "de volta para casa", como ele mesmo definiu em sua reapresentação no Gigante da Colina. "Estou um pouco emocionado por estar voltando para a casa e encontrar o porteiro, os funcionários, todos que me viram crescer aqui no clube. Não sentia esse calor humano há muitos anos e aqui é a minha casa", afirmou o jogador, emocionado.
Nascido no Rio de Janeiro, Felipe foi criado no Vasco, clube onde passou toda a infância e desde cedo se destacava pela habilidade descomunal, fruto das inúmeras peladas descalço nas ruas cariocas.
Passou a ganhar notoriedade maior após a conquista do Estadual de Juniores, em 1995, troféu que o time cruzmaltino não levantava desde a vitoriosa geração de 1992 (campeã também da Copa São Paulo de Futebol Júnior), formada pelos jovens Caetano, Pimentel, Tinho, Alex Pinho, Leandro Ávila, Vítor, Valdir e Pedro Renato, entre outros.
Com esses nomes, somados a outras crias vascaínas como Carlos Germano, Márcio, Bruno Carvalho, Gian, Yan, Edmundo e Jardel, o Vasco seria tricampeão estadual em 1992/93/94 e começava a formar a base mais gloriosa de sua história.
Felipe, ainda com 19 anos quando estreou pelo profissional vascaíno, em 1996, ainda era apenas uma promessa para estourar no futuro quando Edmundo e companhia brilharam no Rio de Janeiro. Futuro, aliás, que estava mais próximo do que o esperado.
Extremamente habilidoso, Felipe era um craque de dribles curtos, velozes e secos, que parecia conhecer os atalhos do campo. Obviamente, o talentoso menino chamava a atenção dos treinadores da equipe principal. Entre eles, Antônio Lopes, que enxergou na promessa da base cruzmaltina mais que um jovem com potencial na lateral esquerda.
Não demorou para que o menino subisse aos profissionais. Com personalidade, logo conquistou a camisa 6 e virou dono do lado esquerdo vascaíno. Felipe era diferenciado, e mostrava isso já em suas primeiras exibições com o manto alvinegro. Chegando fácil na linha de fundo, de onde fazia cruzamentos letais para os atacantes, o vaidoso Felipe mostrava-se cada vez mais irreverente.
Acompanhado por um time fora de série, com o jovem Juninho Pernambucano, das seleções brasileiras de base, com Pedrinho, da base vascaína, com o bom goleiro Carlos Germano e com o ídolo Edmundo, de volta ao clube, Felipe conquistou, com atuações incontestáveis, o Brasileiro de 1997, o Carioca de 1998 e a Libertadores do mesmo ano, maior título da história vascaína.
Com atuações primorosas, baseada em uma habilidade incomum e cerebral, o jovem atleta chegava ao ponto de ser comparado com Garrincha por suas fintas para a esquerda, dando a impressão de que tinha apenas esse drible. Rotulado de mascarado, o menino respondia aos seus desafetos com incontáveis bolas entre as pernas dos rivais e com jogadas inesquecíveis.
Um exemplo desse talento impressionante foi na final do Mundial Interclubes, contra o Real Madrid. Com uma atuação de gala, Felipe, já atuando no meio-campo, poderia ter feito três golaços na partida, dois deles frutos de suas dribladas desconcertantes na defesa espanhola. Em um desses lances, cortou dois rivais – deixando um deles no chão – e bateu cruzado, mas a bola passou tirando tinta da trave esquerda merengue. Com apenas 21 anos, o jovem canhoto desmantelava o principal clube do mundo usando apenas sua perna esquerda.
Com sua fama de mascarado, Felipe era tido por muitos como esnobe, apenas um menino que não sabia conviver com a fama e com a enxurrada de elogios ao seu futebol por parte de torcida e imprensa. Chegou à seleção brasileira ainda em 1998 e estreou no empate por 1 a 1 contra a Iugoslávia, no dia 23 de setembro, primeira partida pós-Copa da França.
Mantido na equipe vascaína, apesar do assédio de outros clubes, colecionou mais conquistas em 1999 e 2000. Em 2001, se transferiu para o Palmeiras, fez algumas partidas, mas não permaneceu na equipe. De lá, foi defender o Atlético-MG, clube em que atuou por apenas sete jogos, e no ano seguinte, já estava de volta ao Vasco.
Nesse retorno, ficou pouco tempo em São Januário e se transferiu para o Galatasaray, da Turquia, também por um curto período. Posteriormente, voltou para o Rio, mas para o arquirrival Flamengo, onde reencontrou o bom futebol, em 2003.
Já jogando como meio-campista, rapidamente conquistou a torcida rubro-negra com seus dribles e passes primorosos. Foi o grande nome do Flamengo nas campanhas do Campeonato Carioca (campeão) e da Copa do Brasil (vice), em 2004. Viveu grande fase no clube e chegou até a ser convocado novamente para a seleção, onde conquistou a Copa América. No entanto, esta foi sua última passagem pela equipe nacional. Sua despedida foi no empate por 2 a 2 contra a Argentina, na decisão, em 25 de julho.
A lua de mel com a Gávea também estava prestes a ruir e teve seu ponto final após uma polêmica na partida entre Flamengo e Cruzeiro, no último jogo do Campeonato Brasileiro daquele ano, quando o meia marcou um golaço e na comemoração jogou a camisa rubro-negra no chão.
Para alguns torcedores, foi um desrespeito com a secular agremiação flamenguista. Para Felipe, era apenas uma resposta a outros jogadores que brincara, dizendo que ele não jogava nada. Porém, o caso só foi resolvido tardiamente, quando o meia já estava de malas prontas para ir embora, passando pelo Fluminense. Grande contratação do time, teve problemas fora de campo, uma longa suspensão do STJD e acabou se mudando para o Qatar, onde foi ídolo e levou cinco títulos.
Agora, no segundo semestre de 2010 e depois de meia década de sumiço e ostracismo, enfim o lateral e meia anunciava seu retorno ao futebol brasileiro e ao Vasco, seu clube de coração.
Fonte: Olheiros.net
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